A 21 de janeiro foi publicado o mais recente guia alimentar do Canadá. Este novo guia tem o mote: “Coma bem. Viva Bem.” e pode ser consultado aqui.
O novo guia alimentar vem substituir o anterior, de 2007 (disponível aqui), que incluía quatro grupos de alimentos (fruta e hortícolas; cereais; laticínios e alternativas; e carne e alternativas) e as respetivas porções. Comparando com o guia que agora se apresenta, as principais alterações foram a remoção dos lácteos como grupo alimentar e a promoção dos alimentos de origem vegetal como fonte de proteína. A recomendação do sumo de fruta 100% como alternativa à porção de fruta também desapareceu.
Este novo guia apresenta-se sobre a forma de um prato, semelhante à nossa Roda dos Alimentos, e indica o seguinte:
- Coma muitos hortícolas e fruta, alimentos estes que ocupam metade do prato;
- Coma alimentos ricos em proteína, estando representadas as leguminosas, carne, pescado, frutos gordos, ovo, tofu e iogurte, ocupando um quarto do prato. Dentro dos alimentos proteicos, escolha os de origem vegetal mais vezes.
- Coma cereais integrais, ocupando um quarto do prato.
Algumas das recomendações gerais deste guia alimentar:
- Coma muitos hortícolas e fruta, alimentos integrais e alimentos ricos em proteínas. Escolha alimentos proteicos de origem vegetal com mais frequência.
- Escolha alimentos com gorduras saudáveis (insaturadas) em vez de gordura saturada.
- Limite o consumo de alimentos excessivamente processados. Se consumir estes alimentos, faça-o com menos frequência e em pequenas quantidades.
- Prepare as suas refeições usando ingredientes que têm pouco ou nenhum sódio, açúcar ou gordura saturada.
- Escolha opções mais saudáveis quando comer fora de casa.
- Faça da água a sua bebida de eleição.
Este guia trouxe também o mote Alimentação saudável é mais do que os alimentos que ingerimos, e recomenda:
- Tenha consciência dos seus hábitos alimentares.
- Cozinhe mais com mais frequência.
- Aprecie a sua refeição.
- Faça refeições com outras pessoas.
- Leia os rótulos.
- Limite o consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e gorduras saturadas.
- Esteja atento ao marketing alimentar.
Os guias alimentares são ferramentas importantíssimas que devem ser utilizados por todos nós, e também pelos profissionais de saúde e por quem desenvolve políticas alimentares e de saúde. Para além do guia simplificado, foram também divulgadas as linhas orientadoras que estiveram na sua base. Aqui está um resumo dos pontos mais importantes:
- As doenças cardiovasculares são uma séria preocupação em termos de saúde pública no Canadá. Quase 50% das mortes por doenças cardiovasculares foram atribuídas a maus hábitos alimentares em 2017.
- A ingestão regular de alimentos de origem vegetal – vegetais, frutas, cereais integrais e proteínas vegetais – pode ter efeitos positivos na saúde. Isto porque as dietas de base vegetal normalmente resultam em ingestões mais altas de fibra (associada a um menor risco de doenças cardiovasculares, cancro do cólon e diabetes tipo 2); legumes e fruta (associados a um menor risco de doenças cardiovasculares); frutos gordos (associados à diminuição do colesterol LDL) e soja (associada à diminuição do colesterol LDL).
- Uma mudança para uma dieta de base vegetal iria promover também uma redução do consumo de carnes processadas (que têm sido associadas ao aumento do risco de cancro colorretal) e de alimentos que contêm maioritariamente gordura saturada. Diminuir a ingestão de alimentos que contêm maioritariamente gordura saturada, substituindo-os por alimentos que contêm maioritariamente gorduras insaturadas, diminui o colesterol total e LDL.
- A intenção não é reduzir o consumo de gordura total na dieta, é reduzir o consumo de gordura saturada e promover o consumo de alimentos que contêm maioritariamente gordura insaturada.
- A água deve ser a bebida de eleição, pois hidrata sem acrescentar mais calorias à dieta.
- As escolhas alimentares podem ter um impacto no ambiente. Existe evidência de que dietas de base vegetal têm um menor impacto ambiental, nomeadamente na conservação do solo, água e ar.
- Reduzir o desperdício alimentar pode ajudar numa melhor utilização dos recursos naturais e na diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
- Em relação ao consumo de açúcar, recomenda-se que bebidas adoçadas não devam ser consumidas e que não é necessário usar substitutos do açúcar (adoçantes) com o objetivo de reduzir o consumo de açúcares livres.
- Alimentos excessivamente processados (refeições ou bebidas) que contribuem para um consumo excessivo de sódio, açúcares livres e gorduras saturadas prejudicam uma alimentação saudável e não devem ser ingeridos regularmente. Incluem-se aqui as carnes processadas, alimentos fritos, cereais de pequeno-almoço açucarados, biscoitos, bolos, doces (pastelaria), bebidas açucaradas e muitas das refeições pré-preparadas. Reduzir o consumo destes alimentos é importante para a redução de fatores de risco de doenças crónicas.
- A literacia alimentar deve ser promovida e saber preparar e confecionar os alimentos, assim como saber interpretar os rótulos, são capacidades que promovem hábitos alimentares saudáveis para toda a vida.
Podem encontrar aqui o documento com as linhas orientadoras.
Espero que este resumo vos tenha sido útil. Se tiverem dúvidas disponham 🙂
Dr. Sandra, se bem percebi então não são verdadeiras as notícias que davam conta que a nova Roda dos Alimentos do Canadá não continha carne e lacticínios, correto? Grato
Certo. Esses alimentos não foram retirados!